poética

“o boneco é anterior ao homem”, Mestre Solon da Carpina


*

Neste toco de galho
eu vejo um boneco
pronto pra festejo,
chei de telecotecos,
novo como um beijo;
boneco sem nome,
mas dança, fala, canta…
só mente, não come.

De raiz e ancestrais
da Etiópia até o Togo,
foi criança na floresta
quem inventou o jogo.
Tal Charles Chaplin
lutando no ringue,
vejo a alma do boneco
se atirar do estilingue,

invadir o meu poema
derrubar treva e tédio,
estilo um sol pintar
brilhante atrás do prédio
e ilumina o sorriso
na tarde que avança:
alegrar os crescidos,
os velhinhos, as crianças.

Neste toco de galho
torto, caído na esquina
aprendi a ver poema
com Solon da Carpina.

*

Do livro “Zé Limeiriques e outros absurdos”, Pedro Paulo Pieroni. São Paulo,  editora Respeita Januário, 2025, no prelo.

Deixe um comentário