Senecio, Paul Klee (1922)

Criada em 1922 pelo pintor suíço-alemão Paul Klee, Senecio é uma festa de formas geométricas, de linhas e cores.

O nome da obra vem do latim, cuja tradução é “velho”, mas, de acordo com um boato plástico, tem relação com a planta de mesmo nome. Isso depois de o pintor ver a planta, porque antes a obra era chamada de “Head of a Man”.

O amarelo, o rosa, o vermelho, o laranja, o roxo, juntos, misturados aos círculos, quadrados, retângulos, triângulos, dão sensação de uma infância ao sol, tem cheiro de escola (no ótimo sentido), o traço de algo que se está por descobrir. Talvez Klee tenha sid0 tão simples quanto profundo.

Como uma criança que brinca.

Todos os animais – Gianni Rodari

Eu quero ser capaz,
ter a voz que encaixa,
falar com os animais
O que que cê acha?
Ouvir de um cavalo
uma história envolvente
sobre os papagaios,
crocodilos e serpentes
Uma simples galinha
quando um ovo pôr
ao cantar uma cantiga
eu traduzo “muito amor”
Do elefante muita sombra
parecido a um planeta
Mas que idioma sai da tromba
quando ele trombeta?
Até ao gato que é discreto
eu pergunte se está mal
Talvez ele fique quieto
Ou – no máximo – “miau”
que talvez seja um “tchau”.

Transversão de Pedro Paulo Pieroni

a balança

No quintal, o vento bateu tão forte, mas tão forte, que tremeu as cordas da balança. Sem parar quieta, ela agora vai pra lá e vem pra cá, balançando toda a toda.

A corda que dá sustentação à balança é preta e branca, entrelaçada. Presa numa ponta cadeirinha, feita de tábua comum, é verdade, mas caprichada nos trinques, o acabamento com verniz. E, com o vento, a balança vem pra cá e vai pra lá, balançando toda a toda.

Ela movimenta-se tão macia e agradável, que parece ter sido empurrada pelas mãos de uma criança. E a outra criança, balançando, deu um salto e correu. Mas só se parece, é só o vento. E com isso, a balança vai pra lá e vem pra cá, solitária, balançando toda a toda.

Ora lá, espere um pouco, nem tão solitária assim. Há um homem sentado no quintal, observa ao vao e vem da balança, ela balançando toda a toda, de modo que ameaça um sorriso, mas fecha o rosto, olha pro alto, com as pernas dobradas, juntas, abraça os joelhos e solta o suspiro.

Assim ele lembra, assim ele chora. E ainda que houvesse um balão de quadrinhos pronto a revelar seu pensamento, ele chora.

Ignorando tudo isso, a balança vai pra lá e vem pra cá, balançando toda a toda.

O menino azul

(…)

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

Cecília Meireles, em Ou isto, ou aquilo